Wednesday, January 23, 2008
Um texto para despertar consciências ou a história da Búlgara que me tramou.
Um livro, era esse o único amigo que podia e queria suportar nesse dia. Tinha ido sair no dia anterior até Santarém, a uma festarola de um senhor amigo qualquer e a noite estava apagada da minha memória, apenas restavam relatos de que tinha mergulhado para dentro de um lago num simbolismo descabido de quem volta para o útero da mãe, o retrocesso do nascimento, disseram-me que estava enrolado em celofane e pude constatar isso mesmo porque juntamente com a rapariga que jamais havia visto com que acordei num fardo de palha estava ainda com pequenas aderências de plástico nas costas. A viagem de carro foi também bastante vaga, dormi e deixaram-me em casa, a minha mãe levou-me as docas e seguiu para a praia de São Pedro do Estoril. Almocei bem e bebi também qualquer coisinha para poder tirar alguma dor de cima da mona. Li bastante na relva e adormeci, não tinha levado nada de valor por isso não estava nem em perigo, nem contactável. Acordei à meia-noite com um sabor empapado e desconfortável na boca. Levantei-me e por acaso tinha uma pastilha no bolso que não devia estar nas melhores condições. Caminhei e atravessei a avenida no túnel que passa por baixo da linha de comboio. Estava já algum frio mas o sobretudo que tinha vestido era senhor para a tarefa. Comecei a fazer a 24 de Julho a pé com a finalidade de apanhar um autocarro na Infante santo, quando faltava pouco para o meu destino vi uma pessoa na berma do passeio. Estava com umas sabrinas de criança, pretas polidas até se ver o reflexo, apertadas que nem uma branca de neve cuidadosa. A saia comprida de um azul eléctrico que vestia parecia um polar, devia aquecer tanto como um “fogão” de uma senhora velhinha, mas não complementava isso no resto do corpo. Abraçava os joelhos flectidos numa tentativa de acalorar os braços descobertos. Tinha um top branco ligeiramente decotado e que seria proibitivo não fosse o tamanho considerável do seu peito. Estava a chorar e alça esquerda parecia remendada mal e porcamente, algo que aparentava ter sido feito recentemente. Sentei-me ao lado dela e estiquei as pernas e cruzei uma sobre a outra. Não disse nada, esperei que ela desse sinais de vida e que se entregasse a uma complacência ainda que forçada. De repente, passados 5 minutos em que até já tinha aberto o livro que não consegui ler por estar demasiado preocupado ela falou:
-Go away! Eu vi finalmente a sua cara que até então estava tapada pelo cabelo preto cerrado. Uns olhos verdes mas claros e que se podiam ser transparecidos com a visão mais apressada. Um nariz perfeitinho, não muito grande, não muito pequeno e os beixos extremamente contraditórios a si mesmos. Pequenos mas cheios, carnudos, imensos. Quando falou detectei um sotaque de leste mas não Russo, não Ukraniano, um país mais florestal ainda. A Hungria, Bulgária ou até mesmo talvez a Republica Checa. Havia uma sofisticação no seu discurso mesmo que só tenha solto duas palavras. Eu tirei o casaco e tentei pô-lo o mais lentamente possível por cima dos seus ombros, como se estivesse a desarmar uma bomba. Ela olhou-me de forma ameaçadora mas eu apenas fiz como se tivesse mudado de fio e redobrei o cuidado. Depois, finalmente, poisei o casaco.
-What´s troubling you? Arrisquei usar a fala e revelar que não era mudo. Ela respondeu:
-What´s it to you?
-Absolutely nothing. But you see, unfortunately I´m too curious of you’re whereabouts. I really must know.
-I’m from Bulgaria.
-I see. What does a girl from Bulgaria do in Portugal to be left crying on the side of the road?
-Well... Allright. I came with a friend. My best friend since forever. Problem is I didn´t know of his intentions for this trip.
-Do you want to call the police? What happened?
-No! God no! It was my fault. I let him kiss me and suddenly he was on top of me. In the car! I tried to get away but i only ripped my top with his insistence. I ran and he left, now i’m here talking to a total stranger.
-Don’t worry. I’m always quite straightforward with my intentions. Where are you staying?
-In a youth pension near rossio.
-Can i walk you?
- Ok sure. Why not?
Então levantámo-nos e a ligação estava feita, o gelo quebrado, a barreira atravessada, a química despoletada. Tudo isso. Já não havia cautela senão no desconforto do que iria dar aquele humilde passeio. Conversámos bastante, sobre tudo. Quando chegamos ao cais de sodré e subimos a rua do alecrim começou a chover e entrámos com um rock pesado. Então deixámos de falar e contemplámo-nos. Ao início timidamente da parte dela e confiantemente da minha, mas depois de algum tempo fizemo-lo de forma acolhedora. Quando me levantei para ir buscar as bebidas já éramos amantes. Não queríamos ficar rodeados de gente então continuámos pela Avenida onde nos conhecemos em direcção e para lá da casa dos bicos. Subimos pela Alfama e chegamos a um miradouro um pouco acima da Sé, para lá do Santiago Alquimista. Aí desenfreou-se, não a paixão, não a devoção, talvez a curiosidade, o aperto definitivamente o conforto. Tirei-lhe o sobretudo e vesti-o, depois com a mão nos bolsos aconcheguei-a e escondi-a perto de mim. Olhei para ela e inclinei a cabeça de forma a que só eu, naquele momento, a pudesse considerar sem olhares alheios. Ela chamou-me, sem sombra de dúvida e beijei-a sem se quer saber o seu nome. Pareceram horas e as lapas em que nos transformámos muito simplesmente não desgrudaram.
O resto foi a minha casa vazia de pais ausentes, arrumar o quarto a pressa, a restrição de movimentos demasiado lascivos ou pelo menos a ausência da sua intenção e a imersão de um corpo noutro. No fim ela chorou e eu desesperei, perguntei qual era o problema mas não havia nenhum. Disse que tinha atingido pela primeira vez a felicidade plena e eu não manifestei a minha concordância acreditando que seria possível talvez um momento que suplantasse este na nossa história. O que se passou a seguir foi um pathos de destruição. A derrocada do clímax para corrosão de um homem. Esteve mais três dias cá em que não me atendeu o telefone e 8 meses depois apareceu com uma criança que sofria de trissomia 21, ficou em minha casa uma semana em que mal nos falámos, os piores 7 dias da minha vida e depois desapareceu deixando a Yordanovshka Salvadorovitch Strafelnikov Mayer com um pai solteiro de 18 anos com 75% de ácido sulfúrico no corpo.
Saturday, December 29, 2007
Natal, Natal... Natal
Será que se acham interessantes por rejeitar o período mais ansiado por o resto do globo?
Uma altura em que todos estão receptivos aos defeitos e peculiaridades uns dos outros, em que se faz um esforço para decorar o ambiente a nossa volta e nem é preciso referir a grande vantagem do natal: celebrar o nascimento do menino jesus.
Talvez se possa admitir que se torne por vezes caótica a demanda pelos presentes e a investigação que decorre de forma discreta para se saber os desejos dos nossos familiares ou amigos. Outro mal que chega a Portugal na época de natal são os imigrantes mas eles também acabam por não chatear ninguem por que ficam na deles extasiados com qualquer mudançazinha na sua cidade natal:
-"Olha Esther o metro estendeu-se-me até santa ápólónia! Já biste? Agora podemos ir buscar o anacleto e o venceslau pelo subórbano!"
Mas volto aos pontos positivos, o espírito ainda que muitas vezes forçado que brota do mais profundo ser dos nossos interiores é deveras belo, lindo!
Por isso, deixo aqui um manifesto como gosto muito de fazer, um atentado terrorista aos que fazem escárnio de uma tradição vital para as nossas vidas e importante para as nossas importâncias.
Feliz Natal e um Bom Ano Novo e que o Camionista Glamour, o Médico Pastôr e o Professor Analfabeto vos Acompanhem!
Thursday, November 22, 2007
Cara ou coroa? Perdoem o uso de linguagem imprópria e aproveito para avisar quem o queira evitar.


Manejar a língua de forma cortês
Explorar os sinónimos capazmente
Mexer os antónimos inevitavelmente
Exprimir um sentimento
Sempre o mesmo objectivo
Transmitir uma emoção
Fazer chover a monção
Procurei por planícies
Percorri serras e cidades
Em nome do Ulisses
Sunday, November 18, 2007
Rest my darling, rest.

The sky is the limit
And gravity there's none
I dream of a day you will be mine
As sure as rain in april
As sure as the sweetness in maple
We will be having fun
A quest of self education
Practice to ensure your admiration
A tender kiss I thrive for
Cause of your love i do seem poor
Please give in my lovely lady
"Rapariga" a name used maybe
In excess, no doubt the knight
On a saddle, on a horse
Of white and satin skin
Shan't not arrive
My dear I pray
You see in me
This man born may
I believe in a devotion
I believe in my submission
I dare not question
You are perhaps my mission
Not a black op
Or a secret plan
An objective
Outlined by a fan
Enough, enough i tell you
I won't grovel, I won't moan
But I lie, i shall, I will
For you i would undoubtebly die.
The deceased are happy
With what they´ve overcome
Peace of mind and eternal rest
I want to be unborn mum.
Again I lie
I want not to perish
I'll see it through
If it's the last thing i do
And I'll sing so merrily
As the men craving Marilyn
And I´ll raise my glass
To my lovely, lovely lass.
Wednesday, November 14, 2007
Magdaleine.

21 de Setembro, agora já só falta um ano. Passei 5 longos anos num liceu, sem eventos, semelhante ao meu mundo, numa palavra, secante. Tive 4 namoradas, 1 durante 1 dia, encontrei-a num banco na praça dedicada ao maior escritor português. Eu vinha do Bairro alto com a minha “possie” de otários. Com litrosas numa mão e cigarros sorridentes na outra. Janados, atrofiados, má gente. Nem vale a pena explicar, a história agora não se foca nisso. Lembro-me de um deles estar a rir que nem um surdo, tanto que caiu. Claro que se começou tudo a rir e a fazer aquela coisa patética de se refastelaram no chão uns em cima dos outros a extasiar de riso. Eu, pessoalmente não me entusiasmo com isso. Fiz um sorriso inevitável de quem acha graça mas não ri, desviei o olhar e lá estava ela, Infinitamente mais bonita do que estava a fazer, o que seria se não fosse. Cheguei-me perto, com cuidado para não apanhar com nada e perguntei - “Tá tudo?”
Ela sorriu com os olhos, visto que agora estava com a boca cheia de grego. Mas no entanto, digo e volto a dizer que a simbiose entre os bocados de comida regurgitados e o seu ar de morte casual e oprimida. Passam despercebidos. Não há muitas que consigam.
“Espera aí.” Fui a um restaurante numa esquina ali perto buscar uns guardanapos e quando voltei não estava lá. Dei a volta a estátua e lá estava a rapariga de olhos verdes que esconde um preto. Dei-lhe e ela gesticulou um agradecimento.
“Estás bem?” Ao mesmo que seria frio tratá-la por você, sentia-me estranho trata-la por tu, algo não batia bem. Depois olhei com mais atenção e percebi. Respeitava-a e estava intimidado pela sua presença. Ela tinha um metro e 78, por volta de, aparentemente alargado por ter as pernas estendidas no degrau. Estava vestida de cocktail de noite, preto que deixava adivinhar levemente um decote. Era comprido mas não ao ponto de esconder uns sapatos de salto alto verdes escuros da cor dos seus olhos. O vestido não tinha mangas mas ela usava luvas pretas compridas e um xaile a condizer com os seus sapatos. Tinha também um elemento transformador, um colar de pérolas comprido mas enrolado em duas voltas, uma que descia mais que a outra. O seu cabelo estava numa forma que em tempos tinha sido destinada a ser uma bola atrás da nuca. O cabelo apanhado sem complicações, prático. “Estás sozinha?”
“Aparentemente.”
“Queres que te leve a casa? Pode ser que seja um psicopata de sangue frio mas vais ter de confiar na minha palavra ao dizer que sou um tipo honesto que não faria mal a uma vespa.”
“Vespa?”
“Sim, odeio vespas.” Sorri acompanhado de um charme treinado muitas vezes em casa. Consegui. “Magdaleine” E estendeu-me a mão.
“Luís, no strings attached” Tirei a camisola e dei-lhe, peguei-lhe na mão para a levar a minha vespa. Ela não conseguiu. Peguei nela e senti-me revitalizado, como se tivesse bebido um compal e feliz da maneira tranquila mas verdadeira quando ela enrolou o braço nos meus ombros. Olhei para ela antes de começar a andar.
“Segura?” E com a resposta dela pensei como é possível alterar-se uma pessoa com uma expressão facial.
“Onde é que moras?” Perguntei depois de pôr o capacete e demorar dois minutos a aquecer a mota, o chaço.
“Ali.” Disse-me ela enquanto apontava para o prédio do outro lado da rua.
“Leva-me contigo.” Disse com um ar desesperado e na maneira de quem age por impulso. Pensei, repensei, continuei a pensar.
”Mas…” Continuei a pausa. A minha cabeça envolvia-se num turbilhão de ideias, teorias, pensamentos, momentos repetidos, contínuas banalidades!
“Está bem” Desci com ela até ao Cais de Sodré e dirigi-me ao Clube Naval de Belém. Estava lá. O carro do meu tio. Sabia guiar desde os 12 anos devido a ter uma casa no campo, estas pequenas coisas. Peguei nas chaves do carro no pneu de trás, abr e liguei o carro. “Tens a certeza?” Ela não disse, apenas consentia. “Queres ser a minha namorada?” e ela como se fosse uma pergunta do dia - a – dia retorquiu
”Está bem!” Recuei do espaço e entrei para a marginal. Guiei sem rumo e preocupação. Magdaleine pôs com conforto a sua mão na minha que estava nas mudanças. Passado uma hora de conversa cansada mas entretida sem sentido ela adormeceu. Havíamos chegado à saída para Grândola. Virei e estacionei o carro num parque de uma igreja para passar a noite. Eram 4 da manhã. Saí do carro e dei a volta pela frente. Tirei-a do banco da frente e deitei-me com ela na mala do carro depois de tirar os bancos de trás. Ela era o ser mais bonito com quem eu alguma vez tinha passado a noite na minha vida. Adormeci a pensar no que seria, do que estava para vir. “Luís? Luís acorda” Que sonho a minha querida ainda estava comigo. Abri os olhos. Era a minha mãe e descobri mais tarde o pai da Magdaleine. Despedi-me dela e entrei no carro da minha mãe preparado, ou não, para ouvir um sermão de meia noite. Este é o primeiro conto da minha vida de liceu.
Sunday, November 4, 2007
Emancipation of the self.
Para corresponder a quem quiser ter algo correspondido.
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