Friday, October 17, 2008

Na arcada com a Mona.


Em certas horas da noite e não de uma forma constante a vida aproxima-se  de uma anedota, como se fôssemos Deuses acima da mera vida mortal e nos recostássemos observando deliciados as cenas da nossa estadia na terra.
 Chegando ao perverso bar de vício e luxúria procurei o sítio para me instalar e estacionar o meu estudo céptico. Uma menina ao balcão vestida com uma quantidade de côr que parecia saída de uma edição de labreguice rústica do cirque d´e Soleil e casais aproveitando a luz escassa e vermelha de ambiente intenso. Enquanto me enojo distraído com um dos mesmos aproximas-se súbita e sorrateiramente algo misterioso e voluptuoso mas com um olhar perdido, de momentânea consideração. Sentou-se na minha pequena côrte e deixou-se estar.
-Sim?
-Sou agressiva, calculo.
-Está bem...
-Achei que sim pelo menos.
-E queres continuar a agressão ou preferes a explicação?
-Prefiro estar.
-Está certo.
Fícamo-nos por uma hora sem trocar palavras a percorrer o terreno entre nós. Olhando, calculando e por fim tocando. Dei-lhe um abraço. Ela apertou-me. A luz afecta todos.
-Sou a Mona.
-E o teu sorriso é enigmático.
-Pois é.
Saímos e sentamo-nos nuns degraus ao pé da casa dos bicos que sobem até vários miradouros e debaixo da arcada estabelecemo-nos como infíeis ao mundo e sinérgicos na nossa invasão simultânea de espaço. Ela adormeceu e quando acordou a Mona deixou-me com um beijo de reencontro e nostalgia opaca. Wasn´t meant to be.